sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Trabant, o Pior Carro do Mundo! Verdade, mentira, mito ou falácia?

Trabant modelo P-50 em comercial - Fonte: Blog Angelina Wittmann
Desde a queda do Muro de Berlim, não foram poucos os textos e matérias televisivas citando ou elegendo o Trabant como o pior carro do mundo. Por outro lado, há os que amam e cultuam o Trabant. Entretanto, o falar mal e a expressão adjetiva "pior do mundo", mesmo sem fundamentos e ou critérios técnicos comparativos, tem muita força e muitas vezes se sobrepõe as opiniões mais sensatas, ainda que estas últimas sejam a maioria. Foi essa visão que me levou a escrever este post.

Antes de continuar preciso revelar que não tive muito contato com o Trabant, mas o que conheço sobre ele foi o suficiente para ter me tornado um grande fã desse simpático carrinho que desperta paixões e ódio. Já li muitos livros e textos na internet, também assisti vários vídeos, reportagens e a uma excelente palestra proferida por um antigomobilista que conhece muito sobre a história, mecânica e pilotagem do Trabby, apelido carinhoso do Trabant, e também sobre a Alemanha Oriental, o jornalista e piloto Flávio Gomes.

Só estive frente ao carro em uma única oportunidade, foi em 2011, durante a 9ª edição do Blue Cloud, maior encontro de DKW Vemag no Brasil. Não o dirigi, nem ao menos andei de passageiro, mas foi o contato mais íntimo que tive com o Trabant. Três dias contemplando os detalhes de construção, conferindo tudo o que havia lido e ouvido sobre o simpático carrinho. A admiração me fez sentar algumas vezes no banco do motorista me imaginando, ou quase sonhando, pilotando aquele pequeno e cativante carro. O exemplar em questão pertence a Flávio Gomes, que em uma das oportunidades, talvez percebendo minha admiração e assédio diário ao carro, perguntou gentilmente se eu queria dirigi-lo. Não faltou vontade. Sonho em andar num desses há um bom tempo. Mas, o medo do risco de alguma avaria acidental, pequena que fosse, falou mais alto, pois o exemplar de Flavio é dos poucos existentes no Brasil, estado impecável, apesar dele não fazer muita cerimônia para tirar o carro da garagem e cruzar longas distâncias, imaginem a responsabilidade. As duras penas, agradeci!



Flavio Gomes e seu Trabant no 9º Blue Cloud. Flávio foi de São Paulo a Poços de Caldas e retornou pilotando o Trabby

 

A LUZ DAS CÂMERAS APÓS 31 ANOS DE CONFINAMENTO


O Trabant teve sua produção iniciada em 1958, mas só veio a ser melhor conhecido no mundo ocidental após a queda do Muro de Berlim em novembro de 1989. Com a reunificação da Alemanha as TVs do mundo inteiro voltaram suas câmeras para o acontecimento histórico. Reencontros emocionados entre alemães separados há anos pelo "Muro da Vergonha" atraiam espectadores mundo afora através das telinhas de TV. Festa nas ruas e o muro, até então considerado intransponível, tomado pela população que comemorava calorosamente com música, dança e abraços eram as imagens mais vistas em diversos canais de televisão.

Nos dias imediatamente seguintes, as famílias de alemães orientais começaram a atravessar os postos de controle a bordo de seus carros em direção a parte ocidental para conhecer o lado "proibido" e encontrar familiares e amigos. Invariavelmente os carros que conduziam as famílias eram motivo de atenção e comentário dos repórteres que faziam a cobertura daquele acontecimento. Dois modelos dominavam a cena, o Wartburg e o Trabant. Carros produzidos exclusivamente na República Democrática da Alemanha - RDA e por isso pouco conhecidos do mundo ocidental. O Wartburg, comparativamente maior e de visual mais caprichado não chamava tanta atenção dos jornalistas e espectadores, pois, além de um design mais comum, foi produto de exportação da RDA tendo sido vendido para alguns países ocidentais, incluindo os do Reino Unido e Estados Unidos, ainda que com pequena aceitação. Por outro lado, dentro da cortina de ferro o Wartburg era considerado artigo de luxo, sendo privilégio de poucos. Apesar da falta de dados oficiais quanto aos números de produção dos veículos produzidos na RDA, a produção do Wartburg não deve ter passado de 40 mil veículos, quantidade dezenas de vezes inferior ao de Trabants, do qual diversas fontes afirmam terem sido fabricados mais de três milhões e meio de unidades.

O Trabant era a grande estrela dos noticiários mundiais nos dias que sucederam a queda do muro, este sim era o carro do trabalhador da Alemanha Oriental. Além de representar a esmagadora maioria dos veículos que cruzavam as fronteiras da RDA, despertava atenção e curiosidade, era praticamente desconhecido fora da cortina de ferro. Ao mesmo tempo, seu desenho insólito em sintonia com o pequeno porte era algo cativante, despertava simpatia imediata.

 
Matéria da Rede Globo sobre sobre a queda do muro de Berlim, o durante e o depois

DE EXECRADO E ABANDONADO A OBJETO DE DESEJO DE UMA LEGIÃO DE FÃS


As narrativas pelas mídias da movimentação das famílias do lado oriental automóveis após reunificação da Alemanha traziam quase sempre adjetivações pejorativas ao pequeno automóvel; carro de plástico, antiquado, barulhento, apertado e fedorento eram as mais ouvidas nos noticiários daqueles dias. Não tardou a aparecer artigos detratores, certamente motivados por questões políticas, associando o Trabant a uma das demonstrações da incompetência do mundo socialista. Alguns resolveram elegê-lo como o pior carro do mundo.

Em poucos meses era notável o desinteresse no lado leste pelo Trabant por parte de muitos de seus proprietários, que com a unificação do país deixaram de ter o modelo como única opção de motorização. Depois da queda do muro, os insatisfeitos com o carro podiam escolher um substituto entre os muitos modelos ocidentais. Como consequência muitos Trabants foram vendidos a baixo preço ou abandonados a própria sorte pelos antigos donos e, apesar de algumas modernizações recebidas, incluindo repotenciamento com motor do Volkswagen Polo, sua fabricação só resistiu por pouco mais de um ano, sendo encerrada em 31 de abril de 1991.

Por outro lado, de início, estudantes, depois, antigomobilistas e esportemobilistas despertaram interesse em adquirir os Trabbys rejeitados. Ao mesmo tempo que escritores se interessaram pela a história desse carro quase desconhecido no lado ocidental antes da reunificação da Alemanha. Com o tempo, foram surgindo fã-clubes em diversos países, encontros de proprietários foram sendo difundidos e até uma associação mundial foi fundada. O Trabant foi transformado em objeto "Cult".


 

Matéria curta, mas bem produzida pela Euro News sobre o Trabant

 

A ORIGEM DOS CARROS DA ALEMANHA ORIENTAL


Com as primeiras aparições na TV, dias após a Queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989, os mais ligados em mecânica automotiva percebiam pelo som e fumaça que se tratava de um veículo dotado de motor dois tempos, esse era apenas uma das características que diferenciava o Trabant dos homogêneos carros ocidentais.

Tanto o Trabant quanto o Wartburg possuíam motores dois tempos. Um dos principais motivos está na ligação desses carros com os populares veículos da DKW. Essa já extinta marca alemã, fundada por Jörgen Skafte Rasmussen em 1916 e que, em 1932, passou a fazer parte do conglomerado Auto Union (que incluía as marcas Horch, Wanderer e Audi), ficou famosa por seus motores dois tempos, era esse tipo de engenho que potenciava todos seus automóveis e motocicletas. Foi a fábrica que mais agregou tecnologia aos motores dois tempos no mundo.

Quando houve a divisão da Alemanha todas as fábricas da Auto Union, incluindo a DKW, ficaram do lado oriental, sob o controle dos russos. Também muitos dos engenheiros, administradores e técnicos que detinham o conhecimento da tecnologia de motores da marca, exclusivamente de dois tempos, ficaram confinados do mesmo lado.

Quando os dirigentes da Alemanha Oriental resolveram produzir veículos para atender as demandas internas foi criado a IFA que se apossou das fábricas das marcas que compunham a Auto Union e de algumas fábricas de caminhão. Os veículos da marca DKW foram os eleitos como ponto de partida para a produção de motos e veículos de passeio que seriam os "carros para o povo", entre outros motivos, porque era a única marca entre as da Auto Union que produzia carros com apelo popular. Assim, tanto o Trabant quanto o Wartburg foram concebidos a partir do conhecimento, pessoal qualificado e maquinário herdados da DKW. Não foi tarefa fácil, pois as fábricas haviam sido bombardeadas sofrendo muitas avarias. Também muitos dos projetos se perderam ou haviam sido levados para o lado ocidental. Segundo alguns autores, a engenharia reversa foi muito utilizada na produção dos primeiros modelos, que eram praticamente réplicas dos DKW de antes da guerra.


A propósito, os veículos DKW também foram fabricados no Brasil sob licença da Auto Union pela VEMAG. Fizeram relativo sucesso entre 1958 e1967, os sedans de 4 portas se destacavam na preferência dos choferes de praça, como eram conhecidos os taxistas naquela época. Aqui foram fabricados quatro modelos distintos de veículos; o jipe Candango, o sedan Belcar, a perua Vemaguet e o vistoso Fissore, este último exclusivo de nosso país. Quem conheceu um desses carros não esquece o som pipocante e instigante do motor dois tempos, bem como a fumacinha azulada do escapamento.

Voltando a produção de veículos na Alemanha oriental, os primeiros carros da IFA tiveram início entre 1948 e 1949, eram quase réplicas de modelos da DKW de antes da Segunda Guerra. O IFA F8 correspondia ao DKW F8, produzido entre 1939 e 1942, e o IFA F9 correspondia ao DKW F9, que só havia existido como protótipo. 
Nos dois carros os motores eram do tipo dois tempos e refrigerados a água.

O IFA F8 utilizava motor de dois cilindros e tinha carroceria com estrutura de madeira recoberta por linóleoJá o IFA F9 possuía carroceria de aço e motor de três cilindros. Esse motor era praticamente uma réplica do motor DKW que havia sido apresentado pela primeira vez em protótipos do DKW F9, mas, assim como o carro, não chegou a ser ofertado ao público.  Até então, a configuração de três cilindros nunca havia sido aplicada a um automóvel DKW, apesar de comum nas motos da marca.

Vale destacar que o DKW F9 foi testado com mais dois motores, além do de três cilindros, em uma avaliação comparativa que elegeria qual iria potenciar o carro de série. Eram engenhos já utilizados nos automóveis da DKW. Um era o mesmo dois cilindros em linha de 688 cc que equipava o DKW F8.  O outro era o V4 de 1000 cc com configuração quatro cilindros de potência e mais dois cilindros de pré-admissão e bombeamento para lavagem,  com lubrificação por cárter úmido, que havia sido utilizado em anos anteriores em modelos maiores.  A IFA escolheu o três cilindros para seu homônimo F9.

É quase unanimidade entre os autores de que o Wartburg foi a evolução do IFA F9, o trem de força e as suspensões confirmam tal origem, se mantiveram fiéis a origem, com ligeiros melhoramentos. Já o Trabant foi um projeto bem mais original, apesar de manter muitas das características advindas dos automóveis DKW pré guerra e do AWZ P70 Zwickau, este considerado o predecessor do Trabant.

MAS, QUE CARRO É ESSE? 


 
Que tal uma aula passeio no Trabant neste vídeo

O primeiro modelo designado como Trabant foi o AWZ P50, fabricado pela Sachsenring Automobilwerck Zwichau a partir de 1958. Concebido para ser "o carro do povo", era um carro pequeno com carroceria sedan de 4 lugares, extremamente simples em sua concepção e bastante limitado em oferta de acessórios e itens de conforto. Seu motor de 500cc desenvolvia potência máxima de apenas 18 CV. Seu desempenho obviamente era modesto, fala-se numa velocidade máxima de 85 km/hora.

O nome Trabant, ao que consta nos textos que pesquisei, poderia significar satélite (nome recorrente na indústria socialista nos anos imediatamente seguintes ao lançamento do Sputinik para batizar seus produtos de massa como rádios e eletrodomésticos) ou, analogamente, também podia ser entendido como companheiro.

Teve evoluções ao longo do tempo. Já em 1960 recebeu caixa de câmbio sincronizada, ao mesmo tempo que foi disponibilizado uma nova versão de carroceria tipo "station wagon" denominada Kombi. Em 1962, veio o aumento do deslocamento do motor para 600 cc que permitiu um aumento de potência máxima para 25 CV, a alavanca de comando de marchas mudou do painel para o volante, com a evolução o nome passou a Trabant 600 ou P60.

Em 1965, o Trabant teve suas dimensões aumentadas, recebeu novo design e, refinamentos no motor que elevaram a potência máxima para 28 CV. A velocidade máxima agora era da ordem de 100 km/hora. A denominação dessa versão era Trabant 601, foi a que mais tempo permaneceu em produção, foi mantida praticamente inalterada até 1990 quando, entre outras mudanças, o Trabby foi repotenciado por motores da Volkswagen. 


SIMPLICIDADE FRANCISCANA COM PERSONALIDADE PRÓPRIA


Numa rápida avaliação de um dos exemplares é o suficiente para confirmar que as linhas mestras que mais influenciaram o desenvolvimento do Trabant foram mesmo a simplicidade e racionalidade. E, como dito anteriormente, o motor dois tempos não foi a única inspiração conceitual que o Trabant sorveu dos simplórios DKW pré guerra, outras soluções e conceitos da marca de veículos populares da Auto Union foram adotados em seu projeto. Entre essas soluções destacam-se:

A escolha do tipo de motor dois tempos que é construtivamente bem mais simples que o motor de quatro tempos por utilizar menos peças móveis (o motor de dois cilindros do Trabant só possui 5 peças móveis: 2 pistões, 2 bielas e o virabrequim), vez que não utiliza válvulas comandadas, apenas janelas no cilindro. Por outro lado, seu sistema de lubrificação por perda, através da mistura de óleo ao combustível, dispensa bomba, filtro e os complexos circuitos de óleo dos sistemas de circulação forçada;

A tração dianteira que permite maior aproveitamento do espaço interno;

A suspensão independente nas quatro rodas com feixe de mola único disposto transversalmente na traseira e na dianteira, uma solução reconhecidamente simples, robusta e durável;



O compartimento do motor dos Trabant também acomoda o tanque - Fonte: Wheels Academy

A alimentação de combustível por gravidade que elimina a necessidade de bomba para tal fim (o tanque de gasolina ficava no compartimento do motor em posição elevada);

O posicionamento da alavanca de câmbio no painel para não sacrificar o exíguo espaço entre os ocupantes dos bancos dianteiros e para reduzir o número de peças desse sistema de comando;

A ausência de medidor de nível de combustível no painel para cortar os custos ao extremo (a solução adotada foi uma régua de madeira que ficava em um suporte na tampa do compartimento do motor).

Já o projeto da carroceria buscou racionar ao máximo a utilização de aço em sua construção, o que resultou numa solução inédita. Foi concebida uma estrutura híbrida, composta por uma estrutura monobloco em aço estampado, tipo gaiola aberta, que era completada por painéis de material compósito com aspecto semelhante a fibra de vidro. Esse compósito era denominado Duraplast, um termofixo obtido a partir de resina fenolítica e fibra de algodão que também já havia sido utilizado pela DKW. O resultado foi uma carroceria leve, sólida, resistente a corrosão, com boa capacidade de absorção de impacto e que requeria bem menos aço comparativamente aos veículos convencionais. Os que referem-se ao Tranbant como "carro de plástico" certamente
 desconhecem completamente esse louvável aspecto de sua construção.

Vale lembrar que no Brasil, anos depois, os BR-800 foram concebidos com carroceria algo semelhante, mas, utilizando estrutura tubular e painéis de fibra de vidro.

Carroceria monobloco do Trabant composta por aço estampado e painéis de Duraplast - Fonte: Trabant Canadá

Mesmo adotando soluções inspiradas nos veículos DKW, o Trabant apresentava personalidade própria, carregada de soluções originais. O Duraplast, por exemplo, havia sido aplicado originalmente aos veículos da DKW na década de 1930 para substituir algumas peças de madeira, mas, foi utilizado de maneira inédita no Trabant, na forma de painéis estruturais que completavam a carroceria de aço, permitindo seu uso em larga escala com bons resultados. Já no quesito motor, o Trabant se diferenciava dos veículos que inspiraram sua concepção quanto ao tipo de refrigeração, priorizando ainda mais a simplicidade e baixo custo seus projetistas adotaram a refrigeração a ar, apesar disto representar sacrifício no rendimento global, enquanto os DKWs tinham refrigeração a água.

Motor do Trabant; dois cilindros, dois tempos e refrigeração a ar - Fonte: Wheels Academy


QUANTO AO TÍTULO DE PIOR CARRO DO MUNDO


Não consigo pensar nos que elegeram o Trabant como o pior carro do mundo sem lembrar do adágio que diz
"O que Pedro pensa de Paulo diz mais de Pedro do que de Paulo". Pois, nada mais subjetivo do que os adjetivos "pior" e "melhor" quando se usa critérios pessoais e superficiais na avaliação. 

Dos textos que li e vídeos que em que o autor ataca o carro, constatei pelo menos três tipos de contextos incidentes que desabonavam os autores em seus veredictos.

Numa dessas "avaliações" o autor afeito aos chamados super carros, após já ter dirigido algumas dessas máquinas extravagantes, conseguiu uma oportunidade de avaliar,  na Alemanha, a condução de um Trabant  600 de 1962, ano em que o Trabant ainda estava engatinhando em sua evolução. A experiência rendeu um post onde as opiniões emitidas deixam claro que o autor pouco sabia sobre o carro testado e que carregava enorme carga de preconceitos em relação ao Trabby. Um destaque é que o post recebeu como marcador a palavra "humor", clara indicação das expectativas e critérios pessoais utilizados por ele avaliação de um automóvel.
 
Outra situação é a de alguns que quase nada conhecem de fato sobre o carro que nunca dirigiram, nem andaram ou ao menos viram o Trabant ao vivo e que, mesmo assim, se sentem a vontade para replicar mitos e falácias que detratam o pequeno alemão oriental se valendo do fácil acesso e grande alcance que encontram na Internet.

Uma terceira situação é daqueles que entendem de mecânica automotiva, conhecem o carro, mas julgam existir conceitos universais de valor que devem reger as escolhas e julgamentos. São os que querem um mundo monolítico e cheio de modismos. Não pertenço a este grupo. Acredito que a pluralidade é uma das maiores riquezas da humanidade.

Eu não elegeria o Trabant como o melhor carro do mundo. Mas, como adoraria poder ter um exemplar do Trabant 601 com seu motor dois tempos. Se me perguntarem porque, direi que amo as coisas simples e geniais.  e é assim que vejo o Trabant, genialmente simples. Por outro lado se me perguntarem se gostaria de ter morado na Alemanha Oriental, responderei com um sonoro "Não", pois adoro a liberdade de escolha. Gostaria de possuir um Trabant, mas,  também um Citröen 2 CV, um DKW, uma Kombi, da mesma forma que pretendo voltar a ter um Fusca - deste já possui cinco. Acho esses carros geniais, carismáticos e empolgantes, cada qual com suas singularidades e seus encantos.

Quanto ao fecho, que seria a resposta a pergunta do título, acho que não poderia ser diferente depois de meus últimos parágrafos, deixo o julgamento para cada um de vocês que leram este post, com todo respeito e meus agradecimentos pela leitura.



Na opinião de alguns alemães do leste, nem o Trabant nem RDA foram algo ruim

PARA SABER MAIS...




Sobre o Trabant

Sugiro o post mais completo e melhor escrito que encontrei, escrito em inglês pelo australiano Paul Markham: Trabant - the East German People's Car



Sobre os motores de dois tempos

Sugiro o post de minha autoria no Blog Carruagem Sem Cavalo: Motores Dois Tempos - Diversidade de tipos sob um mesmo nome


 

5 comentários:

  1. Já li em diversas fontes que um dos carros mais odiados no antigo bloco socialista não era nem o Trabant, mas um modelo ucraniano produzido pela ZAZ e popularmente conhecido como "Zaporozhetz". E a bem da verdade, por mais que eu repudie veementemente o comunismo, até nutro uma simpatia pelo Trabant em função do projeto bastante simples e principalmente pelo motor 2-tempos. Quanto ao título de "pior" carro do mundo, talvez seja tão difícil de especificar o detentor mais adequado de tal título quanto definir qual seria o melhor sem conhecer os cenários operacionais aos quais estariam direcionados. Por exemplo, para mim que aprecio versatilidade em um veículo motorizado, em algumas situações um superesportivo pode vir a se revelar menos adequado que um hatch compacto que consiga me levar até a chácara de uns parentes no interior sem tantas intercorrências.

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    1. Kamikaze

      Obrigado pela visita e comentários. Aliás, sempre valorosos e enriquecedores. Todos agregando algo novo aos posts.
      Compartilho de sua opinião sobre o título de Pior Carro do Mundo, é algo muito circunstancial e de cunho pessoal.

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  2. Olá boa noite!
    Do mundo, com certeza não.
    Mas da Alemanha Unificada com certeza sim.
    Li em um livro de história, infelizmente esqueci o nome, que os donos dos Trabants, quando adentraram pela primeira vez na Alemanha Ocidental, e viram os Porsche, Mercedes, Audi, BMW, simplesmente deixavam o carrinho oriental para trás de tanta desilusão.

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  3. Talvez o fato de não ter passado por um processo de evolução técnica comparável ao de modelos similares do lado ocidental da cortina de ferro, além de obviamente não ser comparável a modelos das marcas "premium", tenha levado a uma maior rejeição que o Trabant sofreu durante os primeiros momentos pós-reunificação alemã.

    A propósito: às vezes eu percebo uma antipatia semelhante de alguns brasileiros com relação ao Fusca que, apesar do impacto inegável no processo de motorização das camadas mais populares do país e ainda hoje apreciado sobretudo em zonas rurais e algumas periferias onde as condições de rodagem severas o são mais favoráveis em comparação a modelos de projeto mais recente, ainda é constantemente apontado como um dos responsáveis pela aversão de uma parcela significativa tanto de consumidores quanto de mecânicos a tecnologias automotivas mais modernas. Até a questão da preferência por duas portas, num contraponto ao mercado argentino onde a influência do Citroën 2CV e do Renault R4 foi muito maior e até fez com que alguns carros que aqui só existiram na versão de duas portas fossem oferecidos por lá só com 4 tendo como caso mais emblemático o Hillman Avenger (Dodge 1800/Polara brasileiro e o equivalente Dodge/Volkswagen 1500 argentino) mas podendo incluir na conta também o Fiat 128 argentino em comparação ao Fiat Oggi brasileiro.

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  4. Muito bom. E o pior é vc ver este julgamento imparcial em grandes mídias automotivas no Brasil.

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